Suplementação com Glutamina e a relação com imunidade e atividade física


Na minha rotina de atendimento, é comum receber atletas de corrida, ciclismo, e outros esportes, referindo ITRS (Infecção de Trato Respiratório Superior), como rinite, sinusite, faringite, amigdalite e laringite. Esses eventos têm relação com exercícios prolongados, intensos e recuperação inadequada.

Agora, você pode estar se perguntando: Mas se atividade física faz tão bem para a saúde, por que estas pessoas ficam doentes?

Primeiro, precisamos diferenciar o exercício moderado do extenuante.


Glutamina - Nutricionista Clínica e Esportiva


Após uma maratona, por exemplo, o atleta fica de 3 a 72 hs (janela aberta), com a resistência antiviral e antibacteriana reduzida, favorecendo a manifestação de ITRS em 1 ou 2 semanas. Indivíduos que se exercitam regularmente, porém moderadamente, a “janela” permanece “fechada”.

Treinos intensos promovem a redução da concentração de glutamina no sangue, prejudicando o sistema imune e muscular. Isto acontece porque a demanda de glutamina por parte do fígado, dos rins, do intestino e do sistema imune ultrapassa seu suprimento pela dieta e pelo músculo esquelético. A concentração sanguínea reduzida de glutamina pode contribuir para a imunossupressão que acompanha o estresse físico extremo. Os linfócitos e macrófagos utilizam a glutamina como combustível pra combater as infecções. Assim sendo, a suplementação com glutamina poderia reduzir a suscetibilidade às ITRS após uma competição prolongada ou uma sessão de treinamento exaustivo.


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A glutamina é um aminoácido “condicionalmente” essencial, porque embora o organismo possa produzi-lo, em condições de estresse metabólico, a demanda é menor que a oferta. O músculo produz 80% da glutamina total do corpo humano. O fígado, o pulmão e o cérebro também produzem glutamina.


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Pesquisadores realizaram estudos com maratonistas que ingeriram uma bebida com glutamina (5g de L-glutamina em 330 ml de água mineral) no final de uma competição e, a seguir, 2 h depois e constataram que os atletas suplementados relataram menos sintomas de ITRS que os atletas sem suplementação.

Estudo realizado com um grupo de ciclistas que ingeriu 3,5 g de glutamina e outro grupo que ingeriu placebo (maltodextrina), 60 minutos após exercício com duração de 2h a 75% VO² máximo, e depois mais 4 doses a cada 45 minutos, evidenciou uma redução de 15%  nos níveis plasmáticos de glutamina em comparação ao grupo suplementado.

Outro estudo realizado com judocas, divididos em um grupo que ingeriu 1,5 g de glutamina 4 vezes por dia e outro que ingeriu placebo, mostrou que após o campeonato houve redução de leucócitos e neutrófilos no grupo que recebeu placebo.

Além desses, outros estudos foram realizados evidenciando a relação da suplementação de glutamina com a prevenção e diminuição de desenvolvimento de ITRS nos atletas, mas todos esses estudos são de curto prazo. São necessários trabalhos a longo prazo para confirmar os efeitos da suplementação de glutamina sobre a imunidade.

Baseada nesses estudos, ofereço a suplementação de glutamina para pacientes que apresentam esses sintomas, e observo melhora na redução das ITRS.

Porém, antes de fazer a auto-suplementação, é muito importante consultar-se com o nutricionista que vai avaliar a necessidade ou não de suplementar.


Nutricionista Andréia Carrara - Nutrição Clínica e Nutrição Esportiva