Restringir ou eliminar o carboidrato da alimentação – Os riscos da dieta “low carb”



Normalmente a maioria das pessoas que exclui os carboidratos da alimentação diária, o faz sem informação segura, segue o amigo que deixou de comer, blogs de pessoas normalmente pouco preocupadas em realmente informar, ou dietas da moda que oferecem, quando oferecem, resultados rápidos que não se sustentam no tempo e trazem riscos para a saúde no médio e longo prazo, mas claro que sobre riscos e conseqüências ruins nem todo mundo fala.

O que poucas pessoas pensam quando iniciam uma alimentação restritiva do tipo “low carb” é que as fontes excluídas ou reduzidas não fornecem apenas carboidratos para o organismo, vejamos o exemplo das “plantas” que são uma fonte importante na dieta do ser humano.

A Banana é rica em carboidrato, cerca de 17g (cerca de 2 gramas de fibra alimentar para quem gosta de calcular o carboidrato líquido), dizem por aí que não se deve ingerir mais de 20 gramas de carboidrato líquido por dia, só com a banana já se foram 15g. O que fazer? Deixar a banana de lado? Mas ela não tem somente o carboidrato, é fonte importante de potássio, cerca de 268mg, contém ainda, fósforo (16mg), magnésio (20mg), vitamina A (2,5mcg), vitamina C (6,5mg), vitamina B1, B2, B6, B9, entre outros nutrientes.

Outro exemplo pode ser a laranja. Tem cerca de 21g de carboidrato e 3,4g de fibra alimentar, outros nutrientes estão na imagem abaixo que disponibilizei há algum tempo:



Seguindo a linha de quem prega no máximo 20 gramas de carboidratos líquidos por dia, essas duas frutas não poderiam ser consumidas juntas no mesmo dia (por exemplo, uma banana no café da manhã e a laranja após o almoço) e nem serem associadas a outros alimentos, pois, segundo dizem impossibilitariam a perda de peso, o que posso afirmar com base em resultados reais que não é verdade.

Para se ter uma idéia, a ingestão recomendada de carboidratos para uma pessoa sedentária, próxima dos 70 kg de peso, é de 300g, e para os fisicamente ativos, cerca de 500g, claro que esses números variam de pessoa para pessoa.

E é importante ter em mente que os alimentos precisam ser associados para suprirem nossa necessidade diária de nutrientes. Quando elimino diversos numa dieta restritiva, certamente meu organismo vai sofrer com a deficiência daqueles nutrientes que não atingiram minha necessidade corporal diária, o que pode, muitas vezes de forma silenciosa, resultar em doenças sérias em razão da ausência de algo fundamental para o bom funcionamento e manutenção do organismo.

Daí a importância de uma alimentação variada e equilibrada na qual estejam presentes frutas, legumes e verduras em quantidades que atendam nossa necessidade nutricional, e porque isso?

Vamos usar como exemplo a fibra alimentar que está presente em frutas, legumes e verduras. Se deixarmos de ingerir determinados alimentos para evitar determinado nutriente, obviamente não vamos ingerir as fibras constantes nesses alimentos que comprovadamente evitam hipertensão, colesterol elevado, doença cardíaca, inflamações, diabetes tipo 2, obesidade, câncer de boca, faringe, laringe, esôfago e estômago, além de auxiliarem no trato intestinal.

Então será que vale a pena, em nome de uma redução rápida de peso, que provavelmente não vai ser mantida por muito tempo, adquirir doenças graves como as citadas acima?

O grande problema é que algumas pessoas, no afã de obter resultados rápidos, não se preocupam em buscar informações robustas e profundas sobre determinada situação, ainda que tal situação envolva a manutenção da saúde do único corpo que elas possuem.

E não é só isso, da mesma forma que quando comemos em excesso determinado alimento, por tê-lo à vontade na despensa de nossa casa, nossos filhos grandes ou pequenos também estão expostos a um consumo excessivo. Quando eliminamos determinados itens da nossa alimentação diária, nossos filhos também são afetados porque tais alimentos não estarão disponíveis em nossa casa. Aí basta imaginar o que significa para uma criança em desenvolvimento sofrer as limitações de uma dieta restritiva e pobre em nutrientes fundamentais para a manutenção da saúde e para o crescimento.

É importante deixarmos de ser imediatistas. Dificilmente alguém ganha 10 kg em um mês, isso normalmente ocorre após anos de descuido com a alimentação ou com a saúde. Se é assim, qual razão justifica querer, quase que de forma mágica, perder os hipotéticos 10 quilos em um mês ou dois? Mudando o hábito alimentar e a forma de pensar, o peso vai voltar ao normal e vai ser mantido para o resto da vida, mas a perda saudável desses 10 kg não vai ocorrer em 30 dias.

Por tudo o que escrevi acima insisto na importância de uma alimentação equilibrada, que em alguns casos especiais precisa de limitações maiores e algumas vezes severas, como no caso dos diabéticos e celíacos, por exemplo.